sexta-feira, 6 de março de 2015

MENSAGEM DO DIA



                                                               
                                                        
Os nossos heróis
Passamos boa parte da nossa existência cultivando imagens de heróis.
Até que um dia
o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça.
A heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada.
O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?
Envelheceram....
Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso.
Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez deles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional.
Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam.
Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu.
Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente.
Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo.
Ficamos irritados
e alguns chegam a gritar se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história que contam como se acabassem de tê-la vivido. Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegrias. Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós?
Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febre? E nós ficamos irritados quando eles se esquecem de tomar seus remédios e, ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia.
É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros...
Ainda mais quando os outros são nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar e sabíamos que estariam com seus braços abertos, que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
Façamos por eles hoje o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã, quando eles já não estiverem mais aqui conosco, 
possamos lembrar com carinho de seus sorrisos de alegria e não das lágrimas de tristeza que tenham derramado por nossa causa.
Afinal, nossos heróis de ontem serão nossos heróis eternamente: 
nosso pai e nossa mãe

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

ATIVIDADES DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

ATIVIDADES DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA PARA A MEMÓRIA E PARA A CONCENTRAÇÃO QUE DESENVOLVEM NOVAS APRENDIZAGENS E MELHORAM A PERCEPÇÃO SENSORIAL
  • MEMÓRIA   A memória refere-se à capacidade que o nosso cérebro tem de reter e evocar informação acerca de nós e do mundo que nos rodeia. Existem várias formas de classificar os tipos de memória. Em função do tempo, a memória divide-se em memória imediata ou de trabalho, memória recente e memória remota.
  •  A memória imediata permite reter a informação por um período curto de tempo (apenas alguns minutos), passado o qual a informação se esquece se não for repetida. 
  • A memória recente é mais duradoura (minutos a anos) e é a que nos permite recordar um acontecimento de vida relativamente recente (por exemplo: o que almoçou no dia anterior) ou uma notícia que ouviu na rádio. 
  • A memória remota é a mais estável (as informações permanecem muitos anos) e contém os conhecimentos adquiridos ao longo da vida; é a memória dos acontecimentos mais antigos, sendo a memória que é menos afectada nas fases iniciais da doença de Alzheimer.
  •  A memória pode ser estimulada de várias formas, podendo recorrer-se a coisas que acontecem naturalmente no dia-a-dia. Exemplos disto são a lista das compras, os recados e os compromissos. Pode ainda utilizar-se:  Objectos reais;  Imagens;  Palavras isoladas;  Histórias;  Conhecimentos gerais; 
  • A apresentação das informações a memorizar pode ser visual (mostrar objectos, ler palavras), ou auditiva (dizer as palavras ao seu familiar/doente com Alzheimer). Quando solicitar ao seu familiar para memorizar alguma coisa, deve dar- lhe tempo para ele o fazer e mais que uma tentativa. Não o pressione porque possivelmente não vai memorizar na primeira tentativa e quanto mais o pressionar mais frustrado ele vai ficar.
  • MEMÓRIA Deve começar sempre com atividades mais simples, para depois ir aumentado a dificuldade das atividades à medida que o seu familiar for conseguindo com sucesso memorizá-las. Como vai ver de seguida na descrição, pode e deve ajudar o seu familiar na memorização. Não se esqueça que no está a testar as capacidades do doente mas sim a estimulá-las. 
  • Recomendações úteis: Uso de um caderno recomenda-se que o seu familiar tenha uma caderno onde:  
  • Escrever a data diariamente, treinando assim a orientação no tempo;  
  • Realizar os exercícios;
  • Escrever recados e compromissos;  
  • Registar os principais acontecimentos de cada dia, facilitando assim a evocação dos mesmos. O uso de um caderno permite treinar o hábito de tomar notas e consultá- las, o que pode ajudar a remediar a falta de memória ao constituir um suporte escrito das coisas que são importantes para o doente. Tem ainda a vantagem de evitar a dispersão aos constituir um local único onde o doente pode tirar notas. Para estimular a memória recente Memorização de objetos, palavras, imagens e textos: uma vez que pode ao ter a noção exata do que o seu familiar consegue ou não memorizar, experimente começar com três estímulos, por exemplo três palavras; se ele conseguir memorizar, pode passar para quatro palavras.
  • MEMÓRIA Se não conseguir memorizar as três palavras deverá diminuir para duas palavras e só depois avançar de novo para as três palavras, quando o idoso conseguir memorizar com sucesso as duas. Quando os estímulos são palavras, pode optar pela sua apresentação visual, uma vez que normalmente temo mais facilidade em memorizar informações visuais que auditivas.
  • MEMÓRIA Memória Imediata
  1.   Exercício 1 Instruções: deverá ler os seguintes números ao seu familiar e pedir-lhe que os repita pela ordem que ouviu e depois invertendo a ordem. 25 63 475 174 8602 2745 84971 43813 351287 563810
  1. Exercício 2 Instruções: deverá ler as seguintes palavras ao seu familiar e pedir-lhe que as soletre pela ordem correcta e depois invertendo a ordem. Pá Mó Rio Sol Sala Copo Festa Porta Pincel Casaco
  1. Memória Recente Exercício 3 Instruções: deverá mostrar os seguintes objectos ao seu familiar e pedir-lhe que os memorize. Exercício 1 Chaves Óculos Caneca Exercício 2 Panela Colher Pasta de dentes Exercício 3 Envelope Laranja Palito Exercício 4 Lápis Alfinete Relógio
  1. Exercício 4 Instruções: deverá mostrar os seguintes objectos ao seu familiar, formando três conjuntos. Deve pedir-lhe para tentar memorizar os intrusos de cada conjunto de objectos. Exercício 1 Maçã Anel Tangerina Uva Banana Exercício 2 Colher de pau Colher Faca Banana Garfo Exercício 3 Escova Revista Livro Caderno Jornal
  1. Exercício 5 Instruções: deverá mostrar a seguinte imagem ao seu familiar e pedir- lhe que a memorize.(escolha uma imagem qualquer com informações significativas)
  1. Exercício 6 Instruções: deverá dizer calmamente as seguintes palavras ao seu familiar e pedir-lhe que as memorize. Exercício 1 Laranja Casaco Exercício 2 Chupeta Anel Exercício 3 Casa Sapato Exercício 4 Sol Marinheiro Exercício 5 Canção Menino
  1. Exercício 7 Instruções: deverá pedir ao seu familiar que tente memorizar o código abaixo. De seguida, deve pedir-lhe que preencha a grelha. 1=A 4=N 2=D 5=O 3=M 6=R Código Palavra correspondente 145 316 4125 5421 45251 25316
  1. Exercício 8 Instruções: deverá ler o seguinte texto ao seu familiar, devagar e assegurando-se que está atento. O Gonçalo tem doze anos. Anda na escola e a professora diz que aprende muito bem. De seguida, fazer-lhe as seguintes perguntas: Lembra-se do nome do personagem do texto? É uma criança ou um adulto? Que idade tem? Aprende bem ou mal na escola?
  • MEMÓRIA Memória Remota 
  1. Exercício 9 Instruções: deverá explicar ao seu familiar que vão fazer um exercício sobre a sua família. Pedir-lhe que indique os nomes dos seus pais, irmãos, esposo(a), filhos e netos. O meu nome é___________________________________________________ O meu chama-se_________________________________________________ A minha mãe chama-se____________________________________________ O meu esposo/a chama-se_________________________________________ Os meus filhos chamam-se_________________________________________ Os meus netos chamam-se_________________________________________ Outros familiares_________________________________________________
  1.  Exercício 10 Instruções: deverá pedir ao seu familiar que desenvolva um acontecimento pessoal antigo. Exemplo Descrever as viagens que fez Exemplo Descrever o dia do casamento
  1.   Exercício 11 Instruções: deverá pedir ao seu familiar que pegue numa fotografia de pessoas próximas – amigos, familiares, conhecidos. A partir da fotografia, deve recordar o nome de cada uma das pessoas, o lugar ou a situação em que a fotografia foi tirada e as lembranças que ela suscita. Material  Fotografia de pessoas bastante significativas para o seu familiar
  1.   Exercício 12 Instruções: deverá dizer ao seu familiar que vão realizar um exercício sobre a distribuição do tempo em horas, dias, meses, etc. Quantos dias tem uma semana? Quais são? Quantos meses tem um ano? Quais são? Quantas estações tem um ano? Quais são? Quantos dias tem um ano? Quantos dias tem um mês? Quantas horas tem um dia? Quantos minutos tem uma hora? Quantos segundos tem um minuto?
ESTATUTO DO IDOSO
LEI Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003
VÍDEO: TRABALHO REALIZADO POR ALUNOS DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Intervenção Psicopedagógica


Como se morre de velhice 
ou de acidente ou de doença, 

morro, Senhor, de indiferença. 
Da indiferença deste mundo 
onde o que se sente e se pensa 
não tem eco, na ausência imensa. 
Na ausência, areia movediça 
onde se escreve igual sentença 
para o que é vencido e o que vença. 
Salva-me, Senhor, do horizonte 
sem estímulo ou recompensa 
onde o amor equivale à ofensa. 
De boca amarga e de alma triste 
sinto a minha própria presença 
num céu de loucura suspensa. 
Já não se morre de velhice 
nem de acidente nem de doença, 
mas, Senhor, só de indiferença

(Cecília Meireles, in 'Poemas 1957)

A intervenção psicopedagógica com pessoas idosas atua justamente para minimizar essa “indiferença”.
Ás vezes, a indiferença de familiares e da sociedade, faz com o idoso se torne apático perante a própria vida, sendo este o momento em que geralmente adoece.
Não ter mais perspectivas, olhar para o horizonte – tão sonhado na juventude – sem ter estímulos, sem vontade em persistir no eco e na importância de suas palavras e atitudes, faz com a vida deixe de ser vivida, trazendo monotonia e tédio para a vida da pessoa.
A intervenção psicopedagógica, visa à inserção do idoso à sociedade, incentivando-o a reintegrar sua vida, por meio de estímulos que despertem seu desejo pelo saber.
Esse saber, não é apenas o “saber” acadêmico e escolarizado, é o desejo de aprender e saber ainda mais com a vida. Ter novamente sonhos do futuro, utilizar a mente, colocar o raciocínio em funcionamento, ler, falar, declamar, escrever, voltar a ser o autor de sua história, com dignidade e auto-estima elevada, pura e simplesmente, por que ainda pode contemplar a vida.

Essa mudança de olhar para a vida é uma das intervenções do psicopedagogo. Em sessões semanais com o idoso, promove situações de desafios intelectuais por meio de jogos, conversas, leituras e “troca de saberes” que capacitam, reciclam e promovem um grande bem estar pessoal. Gerando, muitas vezes, a mudança de rotina e desempenho em relação às atividades do dia a dia.
Porém, seu espírito deve estar aberto para novos fatos, desafios. O tédio, o ócio, o medo de ousar, são sentimentos que isolam o idoso do convívio de outras pessoas.
Todas as pessoas têm a capacidade de aprender durante sua existência. Para tanto, precisam, ser motivadas. A falta de excitação intelectual leva a estagnação cognitiva, consequentemente, à morte do desejo.
Sem desejo, não se vive!

Créditos: Lully Nascimento

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

CONCEITO DE TERCEIRA IDADE




Terceira idade

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A terceira idade é uma etapa da vida de um indivíduo. A época em que uma pessoa é considerada na fase da terceira idade varia conforme a cultura e desenvolvimento da sociedade em que vive. 

Em países desenvolvidos, alguém é considerado de terceira idade a partir dos 60 anos. Para a geriatria dos países nórdicos onde a expectativa de vida é a mais longa de todas, somente após alcançar 75 anos a pessoa é considerada de terceira idade.
Não existe um consenso com relação à fronteira que limita a fase pré e pós-velhice, nem tampouco com relação aos indícios mais comuns da chegada nesta fase. Dados doIBGE demonstram que entre 1995 e 1999, o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil cresceu em 14,5%.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

José Saramago: A viagem não acaba nunca...


A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa.
Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim.
O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.

José Saramago